Home » Fortificação – Castelo
Conquiste e deixe-se ser conquistado por uma viagem no tempo a este Castelo secular, erguido a mais de 850m de altura sobre a rocha firme da Serra. A imponência das muralhas que protegem o passado oferecem-lhe de presente uma vista inesquecível ao longo do séculos.
O Castelo de Marvão foi uma fortificação estratégica de detenção, orientada para a fronteira, de que dista uns escassos 13 Km. Constituiu também um eficaz lugar de refúgio e um extraordinário ponto de observação e vigilância, já que dominava claramente a segunda via mais importante de penetração dos exércitos do país vizinho, a partir de Valência de Alcântara, numa vasta zona do Alto Alentejo que vai de Badajoz ao rio Tejo. A sua inserção estratégica é clara: faz parte da primeira linha de detenção, pós Tratado de Alcanizes, que vai, no actual Distrito de Portalegre, de Montalvão a Elvas.
O mais roqueiro dos castelos nacionais, constitui-se em dois recintos contíguos que, por questões defensivas, tiveram que abarcar toda a crista rochosa mais elevada.
Sobre a inacessibilidade da fortificação, é interessante a seguinte descrição do Prior Frei Miguel Viegas Bravo, nas Memórias Paroquiais de 1758:
É esta vila praça de armas, a mais inconquistável de todo o Reino; da parte do sul é inacessível, de tal sorte que só aos pássaros permite entrada, porque em todo o comprimento é contínuo, e continuado o despenhadeiro de vivos penhos em tanta altura, que as aves de mais elevados voos, dele de deixam ver pelas costas (…) o qual muro, serve mais para não deixar cair os de dentro, do que impedir a entrada aos de fora, e por isso em muitas partes é este muro baixo (…) que esta praça ou presídio não pode ter contra si em tempo Bélico mais que a falta de água. A cerca urbana ocupa a restante crista rochosa. Toda a fortificação é, obviamente, em relevo, em parte natural, com nítida preocupação pela impermeabilidade.
Fortificação de Transição
Junto ao Postigo do Torrejão (zona outrora conhecida por Baluarte do Torrejão e por Tenalha do Cubelo) existiu um elemento de transição hoje desaparecido.
Fortificação Abaluartada
Como quase todas as fortificações de primeira linha de detenção, metamorfoseou-se ao longo do tempo, procurando responder às novas tecnologias de guerra. A fortificação abaluartada veio então reforçar as entradas na cerca urbana – Portas de Ródão, Portas da Vila e Postigo do Torrejão – ao mesmo tempo que reforçou a defesa do Castelo na sua zona mais vulnerável: a continuação da crista para NO. Dadas as características orográficas do lugar, a defesa da fortificação só necessitaria cuidados num número reduzido de pontos. Assim se pensava, ainda em 1801:
Marvão é uma Praça fortíssima por natureza: construída sobre elevado e quase inacessíveis rochedos, reduz a sua defesa a pequeno número de pontos que devem ser postos em melhoramento, e cuidadosamente guardados, e que mediante uma ordinária, mas efectiva vigilância nos precisos lugares, em torno do restante circuito da Praça se pode fazer esta impenetrável às violentas e sanguinárias tentativas dos seus inimigos.
Evolução Arquitectónica
O carácter singular que tem o património arquitectónico militar da fortaleza de Marvão, é que ele representa uma fábrica eterna, uma obra contínua, aquilo que em terminologia militar se designa por sobreposição de fortalezas. Por outro lado, estão as diversas fases bem documentadas, as suas dimensões são gigantestas, a sua localização é ímpar e a conservação é exemplar.
Valendo pelo seu conjunto, podemos todavia destacar alguns elementos da fortificação com valor individual: a cisterna grande, dos finais da Idade Média / princípios da Idade Moderna, de enormes dimensões, e a existência de um albacar que, se a topografia sempre o aconselharia, não podemos esquecer a tradição árabe de construção de alcáçovas.
No estado actual dos conhecimentos, podemos conjecturar a seguinte evolução arquitectónica:
1º Período (Reconquista) – Dos sécs. XII e XIII restam os muros da Torre de Menagem, com a porta de estilo românico e as estreitas frestas verticais (seteiras primitivas); do mesmo estilo é a porta da traição do Castelo, que dá para a liça, e a porta da traição NE do albacar, o que nos faz conjecturar que no séc. XIII já pudessem existir os dois recintos do Castelo e a cisterna pequena; ainda do mesmo período serão as outras duas torres de base rectangular e quadrada, uma de ângulo, no alcácer, e outra, altiva, sobre a entrada do Castelo.
2º Período (séc. XIV) – Após a tomada do fortificação em 1299, já nos princípios do séc. XIV, D. Dinis manda reconstruir o Castelo; desta intervenção terão resultado todas as portas de arco quebrado dos dois recintos: uma no eirado da Torre de Menagem, duas à entrada do alcácer e uma à entrada do albacar; também do séc. XIV será a cerca urbana, restando ainda três torreões de planta rectangular que poderão ser deste período: dois a guardar o Postigo do Torrejão e um terceiro no primeiro troço da cerca, a NE.
3º Período (sécs. XV e XVI) – Reforça-se a defesa das entradas nos dois recintos do Castelo, levantando–se quatro cubelos no primeiro e um no segundo; a Torre de Menagem deve ter sofrido a alteração que hoje apresenta, com uma só sala possuindo tecto de abóbada suportada por duas nervuras diagonais chanfradas, de granito, em arco redondo, com um brasão real, posterior a 1485, na chave; deste período serão também as barbacãs ou barreiras – embora pudessem ter surgido no final do séc. XIV, apresentando cubelos incorporados: uma a NE do Castelo, em ruína, e outras duas a NE e a E da cerca urbana, ligando as três entradas; a barbacã do Castelo vem designada, em planta de 1812, por restos de muralha antiga; será deste período, também, a cisterna grande: pela profusão de siglas de canteiro, que lhe dão ainda o timbre medieval; pelas dimensões, que só se justificam no período de apogeu demográfico da vila; e finalmente porque, a construir-se, por hipótese, durante a Guerra da Restauração ou em período posterior, nunca levaria o avisado prior das Memórias Paroquiais setecentistas, a supô-la construção dos Godos.
4º Período (1641-1755) – Uma Planta da Praça de Marvão de 1755 mostra-nos a fortificação abaluartada construída em consequência da Guerra da Restauração (1641-1668) e da Guerra da Sucessão de Espanha (1704-1712): Baluarte da Porta de Ródão, Baluarte da Porta da Vila, Fortim junto ao Torrejão e Baluartes da rua nova (zona abaluartada do Castelo).
5º Período (1756-1812/14) – Plantas da Praça de Marvão de 1812 e de 1814 apresentam algumas alterações relativamente à planta de 1755: os Baluartes da rua nova sofrem grande alteração – a estarem correctas as plantas militares -, quer na forma (um deles passa a pentagonal), quer no tamanho (as novas fortificações são muito maiores), quer na orientação (de NO/SE passam para N/S e para O/E), passando a designar-se por Tenalha do Castelo; a entrada para o segundo recinto parece ter sido alterada, tendo-se construído um pequeno recinto fortificado a SO, para artilharia; o mesmo aconteceu, claramente, na entrada para o primeiro recinto, com a construção de dois redutos fortificados para artilharia e espingardas a SO; no topo SE do primeiro recinto foram construídas as seguintes estruturas: o Forno do Assento, que ainda existe, e dois Telheiros para Oficinas, que já não existem; o Baluarte da Porta de Ródão sofre alterações no seu interior, ficando com a estrutura que hoje apresenta; o Baluarte da Porta da vila também sofre alterações, embora mais ligeiras, na organização interna; o Fortim do Torrejão sofre alterações semelhantes às fortificações abaluartadas do Castelo, transformando-se em dois baluartes, passando a designar-se por Tenalha do Cubelo; junto a esta fortificação, no espaço onde posteriormente foi construída a antiga Escola Primária, situava-se a caserna da guarnição da Praça; as alterações deste período serão a concretização de parte dos projectos traçados em 1765, existentes no Museu Municipal de Marvão.
6º Período (a partir de 1815) – Em 1828 projectava-se um conjunto de obras, entre as quais as (…) que se precisam fazer em uma Casa da Torre no Castelo da Praça de Marvão a fim de poder servir de Paiol permanente, a saber:
(…) a escada que nesta há e dá acesso ao terraço deve tapar-se com parede a fim de ficar independente esta serventia para o terraço da Casa de entrada, e deve então demolir-lhe parte da muralha, construir-se a escada; devem também, na Casa, reduzir-se a ventiladores as frestas; finalmente devem construir-se três portas novas (…).
Esta intervenção foi realizada, tendo sido reposta a arquitectura anterior através das intervenções da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais no presente século.
Entradas:
Residentes e Naturais do Concelho de Marvão – Gratuito;
Visitas organizadas por estabelecimentos de ensino ou outras instituições, com sede no concelho de Marvão – Gratuito;
Bilhete Normal – 1,50 €;
Crianças até aos 12 anos – Gratuito;
Titulares do cartão jovem, do cartão de estudante, do cartão 65 e de pensionista – 50 % desconto;
Grupos Organizados, com marcação prévia, de 20 ou mais pessoas – 30% de desconto